quinta-feira, 25 de outubro de 2007

PRIVILÉGIO INDIGESTO



Verificando minhas correspondências eletrônicas, uma me chamou a atenção e me causou um profundo sentimento de discriminação social. A correspondência era de cunho profissional, mas o impacto do conteúdo atingiu principalmente todo o povo goiano. E me provocou uma reflexão.


O que motiva um senador e sua esposa a encarar uma sala de aula em uma faculdade, é sem dúvida o aprimoramento curricular, com fito de qualificação junto a seus pares na Casa Legislativa, colocando-o em nível de igualdade aos demais, para melhor acompanhar as decisões que envolvem investimentos e recursos para o Estado de Goiás, já que a rapinagem anda solta por lá.

Sem dúvida, uma iniciativa louvável e recomendável a uma autoridade representativa do povo, já que ali chegou graças aos milhares de votos que lhe foram creditados, inclusive o meu.


O que não é louvável é o senador Marconi Perillo e sua esposa, Valéria Perillo, terem o privilégio de uma sala e horários exclusivos no curso de Direito, da Faculdade Alves Faria, em Goiânia.
Sem sombra de dúvida o fato causa constrangimento à comunidade universitária, pela discriminação social que está embutido neste ato.


Em razão de esta prática ferir os princípios constitucionais previstos nos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, especificamente, art. 5º e seus incisos, é que o Ministério Público Federal ajuizou Ação Civil Pública na 9ª Vara Federal de Goiânia contra a Faculdade, por entender que o tratamento dispensado ao senador e sua consorte, se deu em razão de sua função pública, sem fundamentação jurídica para tal, já que não há previsão legal na Constituição Federal e nem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96).


A Faculdade alega que por se tratarem das pessoas do Senador Marconi Perillo e sua consorte, se estivessem em sala de aula comum com os demais alunos seriam assediados em demasia, o que prejudicaria o andamento normal das aulas e o aproveitamento dos conteúdos.


Num vislumbre mais reflexivo, a atitude do nobre senador e sua esposa, é no mínimo, antiética, haja vista ser depositário da confiança e admiração popular, confirmada recentemente nas urnas.


Então por que se apartar dos demais estudantes, provavelmente eleitores do senador?
Evidentemente a convivência justaposta com os estudantes seria uma rara oportunidade que o ilustre senador teria para conhecer os anseios da classe estudantil e trabalhadora, como também se inteirar das dificuldades e incertezas que todos os estudantes universitários enfrentam no que diz respeito ao mercado de trabalho.


O convívio seria salutar ao casal vip, até porque proporcionaria bons e úteis conceitos de solidariedade, igualdade perante as leis, honestidade e respeito a toda e qualquer classe social, além de protagonizar um comportamento exemplar à classe política.


Resta ainda uma pergunta que não quer calar: serão eles os únicos agentes políticos no Brasil a usufruir de tal privilégio?


Fonte: Conselho Federal da OAB- informativo@oab.com.br

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