terça-feira, 9 de outubro de 2007

CÉSIO 137 - PARTE IV


Centro de Convenções, onde se localizava o Hospital da Santa Casa





POLITICAMENTE INCORRETO

Fato é que toda a tragédia poderia ter sido evitada, se o Poder Público tivesse agido de forma mais responsável, desde a demolição do antigo prédio do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em 1986.

O prédio do Hospital da Santa Casa ocupava todo o quarteirão compreendido entre as Av. Tocantins e Paranaíba, a Rua 4 e a Rua 29, no Centro de Goiânia. Somente não foi demolido o prédio do Instituto Goiano de Radioterapia, no qual se encontrava o aparelho de radiologia com a cápsula do Césio 137.

O proprietário da clínica possuía dois aparelhos de radiologia, retirou um, o mais moderno, e deixou o outro, pois não sabia o que fazer com ele (?).

O terreno ficou exposto, abandonado, pelo proprietário e pelo Poder Público, num impasse por questões de indenização para construção do Centro de Convenções.

Com o advento das eleições em 1986, o então Governador de Goiás, Íris Resende Machado (PMDB), se licenciou do cargo para concorrer a uma vaga no senado, e o candidato à sucessão ao governo foi Henrique Santillo.

E o terreno continuou abandonado no centro da cidade.

Obvio que toda a reserva orçamentária foi canalizada para a campanha do partido nas eleições.
Passadas as eleições, Henrique Santillo saiu vitorioso para o cargo de Governador e encontrou o Estado na condição de penúria, com os salários do funcionalismo atrasado em 4 meses além do atraso dos pagamentos a fornecedores, rombos no extinto Banco do Estado de Goiás e na extinta Caixego (Caixa Econômica de Goiás).

Vamos aos fatos, a herança maldita da dívida que o governador Henrique Santillo recebeu acarretou o bloqueio de todo o Fundo de Participação dos Estados e comprometeu o pagamento de 20 graneleiros da Casego (Casa de Silos do Estado de Goiás). A dívida estadual estava 47% vencida ou a vencer, isso só na administração direta. Na administração indireta o problema era maior: um saldo devedor vencido em 1986 que, somado ao a vencer em 1987, chegou a 60,9%.

Mergulhado no caos financeiro e administrativo, o governo que antecedeu a gestão Santillo, em 1986, recorreu a antecipações de receita junto a bancos privados e oficiais, a juros altíssimos, comprometendo cerca de 100 milhões de dólares do orçamento de 1987. Foram dívidas e mais dívidas de curto prazo vencidas e repassadas ao governador Santillo em março de 1987, sem renegociação, em afronta às Constituições Federal e Estadual, deixando um rastro de improbidades para que o antecessor sanasse.

Diante de tais condições como fazer para construir o Centro de Convenções?

Henrique Santillo lutou para receber verbas federais logo após o acidente, para soluções imediatas no sentido de atender às vítimas e minimizar o impacto socioeconômico advindo com o acidente. Mas não teve o respaldo devido por parte do corregilionário Íris Resende, eleito senador por Goiás.

O acidente radiológico com o césio 137 poderia ter sido evitado sim, se o Poder Público agisse com mais responsabilidade com o dinheiro do contribuinte e não deixasse o terreno abandonado no centro da cidade.

Certo é que o ex-governador Íris Resende dilapidou o Estado, e não zelou pela segurança da população, deixando abandonado o terreno sem nenhuma proteção para evitar os vândalos e as invasões, além de ter abandonado o povo goianiense na hora em que mais precisa de seu ilustre representante na Casa do Senado.

Ressalta-se que o ex-governador Henrique Santillo teve sua vida política drasticamente atingida com o acidente com o Césio 137, por falta de apoio do próprio partido (PMDB) e do Governo Federal, que dificultou ao máximo a liberação das verbas necessárias para o enfrentamento das repercussões econômico-sociais. A carreira política do ex-governador teve ponto final com o acidente.

Quanto ao Senhor Íris Resende, logo em seguida ao acidente foi nomeado Ministro da Agricultura do Governo José Sarney, que para suprir o mercado de carnes, providenciou a importação de carne podre de Chernobyl, segundo o noticiário da época, amplamente divulgado pela grande imprensa brasileira.

Já o proprietário do Instituto Radiológico, respondeu a processo judicial e foi condenado. Mas como é de praxe, cumpriu parte da pena.

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