domingo, 22 de junho de 2008

QUE PERSPECTIVA A FENOMENOLOGIA DA ARTE PROPORCIONA?

Arannha da Noite - Salvador Dali

Por : Brigitte Luiza Guminiak


Devemos tomar a Filosofia não como uma explicação do mundo, do Ser e sim como interrogação interminável das coisas no sentido de revitalização da percepção, não só da percepção em si, mas, sobretudo do Homem, de maneira que devemos reaprender a ver o mundo e nos voltarmos às coisas mesmas, na sua simplicidade, na sua essência.


Ao reaprendermos a ver o mundo direcionamos o sujeito a transcender a vida cotidiana de forma a reencontrar a “inocência perdida”, ir além ou aquém de toda a separação do sujeito e objeto, do eu e o outro em si mesmo.

Ao ver o mundo de outra forma, desvelamos uma percepção oculta, uma experiência secreta cuja reativação possibilitaria voltar-se às coisas mesmas, ao simples, ao “inocente” que é intrínseco do ser.

A Filosofia e a arte juntas, não são produções estanques, mas tangem o Ser justamente no momento da criação. E a criação nada mais é que a realidade dada e a essência secreta que fundamenta o momento em que o Ser vem a ser. E para que o visível venha à visibilidade, exorta o pintor a pintar, para que a linguagem venha à expressão, pede o trabalho do escritor/poeta, para que o Ser do pensamento venha à inteligibilidade, requer o trabalho do pensador.

Todo o desvelamento desses trabalhos tange a intenção de exprimir alguma coisa para a qual não possuem modelo que garanta o acesso ao Ser, já que é a ação criadora que abre o caminho que dá acesso à experiência do contato do visível com o invisível.

Esse instante fenomenológico em que o invisível permite o trabalho de criação do visível; o indizível, o do dizível; o impensável, o pensável, para surgir o jamais visto, jamais dito, jamais pensado, faz nascer a obra.

Essa perspectiva de reaprender a ver o mundo, reaprender a ver a obra de arte, só a Fenomenologia da Arte proporciona, haja vista o sujeito e o objeto serem indivisíveis, como o são o corpo e a alma, o mundo e a consciência, a percepção e o pensamento. Antes de tudo se entrecruzam em dimensões simultâneas.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE ESCRITOR É VIÁVEL OU É APENAS UM LOBBY?

Por: Brigitte Luiza Guminiak



Tramita na Câmera dos Deputados desde 1998 o Projeto de Lei nº. 4641/98 que dispõe sobre o exercício da profissão de Escritor, autoria do Deputado Antonio Carlos Pannuzio (PSDB-SP).

No ultimo dia 07/05/08 o projeto foi rejeitado pela Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), cujo relator Tadeu Fillippeli (PMDB-DF) argumentou que não existe a profissão de Escritor. Na Classificação Brasileira de Ocupações, de 2002, os autores, roteiristas, críticos, poetas e redatores de textos técnicos, entre outras, pertencem a categorias profissionais que se valem da escrita, não justificando a criação da categoria de Escritor por não se encaixar em tais parâmetros.

Em seu parecer, Fillippeli ainda ressaltou que a legislação vigente assegura os direitos dos escritores sobre suas obras e reconhece sua contribuição cultural ao País. "A Constituição determina que os autores têm direito exclusivo da utilização, publicação ou reprodução de suas obras", afirmou o relator.

Ele observou ainda que a Lei nº. 9610/98 preserva os direitos autorais "Mediante contrato de edição, em que o editor fica autorizado a publicar a obra e explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor”.

O Projeto tramita em caráter conclusivo.

Há de se encarar esse projeto de lei com certa reticência. O fato de ter sido aprovado pela Comissão de Educação e Cultura, e rejeitado pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, configura uma forte evidencia de lobby por parte das universidades, principalmente as particulares, com o intuito de academizar a escrita, nos moldes da regulamentação dos profissionais de Informática ou então, quando criou as Faculdades de Comunicação, que praticamente anulou as Faculdades de Jornalismo.

Uma ligeira pesquisa na mídia e verificamos que não há um único parecer favorável ao projeto, exceto o do próprio Pannuzio.

O certo é que a arte da escrita já vem inserida na grade curricular do curso de Letras (Licenciatura ou Bacharelado) só que não confere habilitação legal na escrita propriamente dita, embora seja o pré-requisito necessário para se concluir o curso como qualquer outro curso superior ou de pós-graduação.

Cabe ainda ressaltar que na Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho, os profissionais da escrita têm suas atividades descritas como autor-roteirista, crítico, escritor de ficção, escritor de não-ficção, poeta e redator de textos técnicos. Portanto o Projeto de Lei nº 4641/98 trata de um tema já previsto, e as referidas atividades, inclusive, protegidas pela Lei 9610/98 (Lei de Direitos Autorais).

Resta assim o viés dos grandes grupos educacionais com o vislumbre de altos lucros, sob o pretexto de criação de cursos para atender o mercado, sem se importarem com a qualidade dos ditos cursos fast-food e a correspondente qualidade do profissional formado.

Quem contrataria um Glossarista de nível superior?

A Classificação Brasileira de Ocupações descreve sumariamente as atividades dos profissionais da escrita como aqueles que “escrevem textos literários para publicação, representação e outras formas de veiculação e para tanto criam projetos literários, pesquisando temas, elaborando esquemas preliminares. Podem buscar publicação ou encenação da obra literária bem como sua divulgação”.



Referência Bibliográfica: Sites:

Ministério do Trabalho e Emprego-MTE

www.mtecbo.gov.br/busca/descrição.asp?codigo=2615

Câmera dos Deputados - Portal

http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/materias.html?pk=122001


sábado, 3 de maio de 2008

X FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E VIDEO AMBIENTAL-FICA



POR: Brigitte Luiza Guminiak


Tem início no dia 10/06/2008, em Goiás, Patrimônio Histórico da Humanidade, o X Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA).


O FICA nasceu em 1998 com o objetivo de incrementar o turismo, gerar empregos (diretos e indiretos), reaquecer a economia local, unindo arte e meio ambiente, chamando a atenção do Brasil e do mundo para a cultura e, principalmente, a preservação do meio ambiente. É realizado anualmente pela Agência Goiana de Cultura – AGEPEL.


O cenário selecionado para o evento, a cidade de Goiás, às margens do Rio Vermelho e cercada pela Serra Dourada, contribuiu deveras para o sucesso do festival.


A atual edição do FICA, acontecerá a partir de 10/06/08 a 15/06/08, com estimativa de público de 200mil pessoas nos seis dias de eventos.

Foram inscritos, este ano, 412 filmes, podendo chegar a 430. Desse total 204 são nacionais e 208 internacionais de 50 países, entre produção e co-produção, o que mostra claramente que o Brasil está em um momento de intensa produção. O gênero dos filmes em sua maioria é de documentários, assim como em outras edições, com 317 inscritos. Seguido por 50 obras de ficção, 39 de animação e 6 séries televisivas. Na metragem, os curtas são o maior número, com 184 obras, 162 médias e com 66 inscrições de longas-metragens.


O Rio de Janeiro tem o maior número de inscrições com 61 obras, seguido por Goiás com 48 e São Paulo com 34. Foram totalizados 16 Estados inscritos no X FICA. A surpresa fica por conta de Minas Gerais com 16 obras inscritas. Divididas por região, entre as 204 obras nacionais inscritas, o Sudeste vem em primeiro lugar com 117 obras, seguida pelo Centro Oeste com 62 obras, o Sul com 13, Nordeste com 11 e a região Norte vem com uma obra do Estado de Roraima.

A novidade do festival para 2008 é o incentivo ao cinema goiano no tocante à programação e, principalmente no cuidado com a formação de realizadores e de público. Além da exibição de filmes, estão sendo oferecidos 14 cursos e 4 oficinas. A maioria dos cursos e palestras é aberta à comunidade, apesar da preferência para estudantes ou profissionais da área de audiovisual nas oficinas.


Nesta edição, a presidente da Agepel, Linda Monteiro, assumiu a função de coordenadora -geral do festival. Outra mudança no evento é a concentração maior das atividades de cinema no Centro Histórico da cidade de Goiás, com a inclusão do Lyceu de Goiás como espaço para a realização de cursos, além de uma maior utilização da Casa de Cora e a inclusão do antigo Matadouro, às margens do Rio Vermelho. O colégio Alcides Jubé continuará sediando o Cinemão, estrutura de exibição de filmes montada especialmente para o Fica como cinema alternativo ao Cine Teatro São Joaquim.


Ressalta-se o alto nível do elenco de diretores, professores e técnicos de cinema que vão participar das diversas atividades do X Fica, como o renomado crítico e escritor Jean-Claude Bernadett, nome influente no cinema nacional há mais de 40 anos, o crítico Inácio Araújo e a pesquisadora Stela Senra, entre outros. Outro convidado é o cineasta Cacá Diegues, que ganha uma mostra com vários filmes de sua carreira, os filmes como Orfeu Negro e Bye-Bye Brasil.
São distribuídos R$ 240 mil em prêmios aos sete primeiros colocados além de menções honrosas aos participantes. Mas os grandes beneficiários são os moradores da cidade e o Estado, com a divulgação da cultura, culinária e possibilidades turísticas do Estado de Goiás.


Os filmes premiados são disponibilizados, a título de empréstimo, a escolas, cinemas, universidades e outras entidades, devendo para tanto encaminhar Oficio à Presidência da Agepel e agendar o período desejado. Para Goiânia, o prazo de devolução dos filmes é de uma semana. Para demais localidades os filmes tem um prazo de devolução de 15 a 30 dias.


Melhores informações: telefones: (62) 32014689 ou 32231313 ou diretamente no escritório do FICA: Praça Cívica nº. 2, Centro Cultural Marieta Telles, das 9:00 h às 17:00 h, ou ainda, por email: fica@fica.art.br

domingo, 9 de março de 2008

A PERCEPÇÃO- CONHECIMENTO E SENSIBILIDADE


Duas faces ou um vaso?
Principio da figura e do fundo
















Por : Brigitte Luiza Guminiak


Não vivemos isolados. Portanto, é fácil entender a frase de Sócrates: ”o homem é um animal político”. Etimologicamente, político vem de polis, que significa cidade, comunidade. E se vivemos em polis, nos relacionamos uns com os outros, convivemos, sendo que, é por intermédio dos sentidos que conhecemos o mundo e nele nos situamos e nos relacionamos.

Sendo assim, tudo que nos cerca provoca ações e reações. E estas são advindas em decorrência dos órgãos sensoriais que desencadeiam a inferência das sensações que foram em nós provocadas pelo tato, pelas cores, sabores, odores e imagens.

Temos aí caracterizado os nossos comportamentos, tão intimamente relacionados com as percepções que temos do mundo exterior, captados através dos sentidos.

A passagem do sensorial ao perceptivo se realiza no intelecto, onde se realiza a construção do conhecimento, e confere significação ao percebido, a partir das vivências de cada um.
Segundo Chauí, é na percepção que o mundo adquire forma e sentido e, ambos, são inseparáveis em nós. Desta feita, a percepção envolve valores, desejos, paixões, ou seja, a nossa maneira de estar no mundo.

O “estar no mundo” abarca nossa história, nossa afetividade, nossa personalidade, nossa vida social, já que é a relação do mundo exterior com o nosso “eu”.

Considerando a teoria do conhecimento, temos três acepções a respeito da percepção: a empírica, a racionalista e a fenomenologia do conhecimento.

Para a teoria empírica, todo conhecimento é percepção, tendo origem nas impressões (sensações, emoções e paixões) e nas idéias (imagens das impressões).

Já para os racionalistas, o conhecimento como percepção do mundo deve ser evitada, pois não é confiável, já que a imagem percebida pode não corresponder à realidade do objeto.

Por fim, para a fenomenologia do conhecimento a percepção se realiza de uma vez só, sem partes, isto é, captamos sempre a totalidade do sentido de uma idéia ou de um objeto, sem necessitarmos da análise das partes.

Para a fenomenologia não há deformação ou ilusão na percepção, visto que a percepção é o relacionamento dos objetos conosco, por serem eles corpos e nós também.

Neste sentido a percepção é explorada pelos meios de comunicação, haja vista atuar sobre o cérebro que recebe os estímulos sensoriais e desencadeia um processo de seleção, organização e interpretação desses estímulos. Esse processo pode ser decomposto em duas fases: a sensação, no qual os órgãos do sentido registram e transmitem os estímulos exteriores; e a interpretação, que permite organizar e dar um significado aos estímulos recebidos.

Dentre os estímulos recebidos e processados pelo cérebro, alguns podem ser classificados como ambíguos, possibilitando várias leituras, haja vista não corresponder a uma forma já reconhecida. São amplamente usados em testes para revelar a personalidade do sujeito e são eficazes na captação da atenção, preparando o sujeito para a recepção de uma mensagem.

Cabe lembrar que os estímulos só são percebidos a partir de uma determinada intensidade, duração e sensibilidade do indivíduo, podendo ser chamado de limiares sensoriais, que desencadeiam algumas reações ou atitudes, almejadas pelos profissionais de comunicação e publicidade.

Uma prática corriqueira na área da comunicação e publicidade é a utilização da percepção subliminar, que estimula o cérebro a partir do subconsciente, não podendo ser usado para o condicionamento no campo consciente, pois as pessoas respondem a estímulos de diferentes maneiras, que não são percebidos e formados na consciência e induzem um comportamento, podendo ainda distorcê-lo em função da seletividade da percepção ou da predisposição pessoal.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em
http://br.geocities.com/mcrost02/convite_...
Acessado em 18/10/2007

SERRANO, Daniel Portillo. Percepção. Disponível em
http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Percepcao.htm
Acessado em 18/10/2007

sábado, 1 de março de 2008

TROPICALISMO - MUITO MAIS QUE UM ESTILO MUSICAL


Caetano Veloso -Criador do Tropicalismo




Na década de 1960, jovens artistas se mobilizaram na tentativa de criar uma nova linguagem musical diferente das que predominavam e um canal importante de divulgação dessas novas tendências musicais foram os festivais realizados pela Rede Record de Televisão.



Entre esse grupo de jovens artistas figurava Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes e Tom Zé, apoiados em textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do maestro Rogério Duprat.



O termo tropicalismo surgiu da música de composição de Caetano Veloso, Tropicália e teve seu nascedouro no III Festival de Musica Popular Brasileira promovido pela Rede Record de Televisão, no ano de 1967, e é considerado, por alguns especialistas, como o

“último importante movimento cultural ocorrido no Brasil até o final do século XX” (CEREJA & MAGALHÃES – Literatura Brasileira. Atual. 2000. p.510).


O ponto máximo do Festival foi a interpretação de Caetano Veloso da música Alegria, Alegria, que não foi classificada, mas gravada em compacto simples e no ano de 1968, foi lançado o LP que trouxe canções como Alegria alegria, No dia em que vim-me embora, a antológica Tropicália, Soy loco por ti América e Superbacana, considerado um manifesto do grupo participante do festival e a partir desse ano, o festival foi considerado totalmente Tropicalista.



O movimento teve como base a Bossa Nova e as idéias do antropofagismo de Oswald de Andrade que inspirou o Movimento Modernista de 1922 (Manifesto Pau-Brasil), já que buscava “deglutir” as tradicionais composições de Chico Buarque e as músicas dos Beatles, com guitarras eletricas, os ritmos das canções de Vinicius de Morais e Tom Jobim e o regionalismo de Luiz Gonzaga.



A música tropícalista se beneficiou com os arranjos de dois mestros eruditos Júlio Medaglia e Rogério Duprat, já que misturou o popular e o erudito, o berimbau e o cravo, a guitarra elétrica e o violino.



Além dos ideiais antropofágicos do Manifesto Pau-Brasil , o Tropicalismo foi influenciado também pelo CONCRETISMO da década de 1950, já que suas letras eram carregadas de elemento plástico, jogo linguístico e brincadeiras com as palavras, disposição dos versos e efeitos de som , um nítido reflexo do Concretismo.



CAMPEDELLI & SOUSA em Português - Literatura, Produção de Texto e Gramática, ao analisar a letra da música Alegria, Alegria apresenta os elementos estéticos criados, cuja combinação e contraste incluem a miséria, o passado, o desenvolvimento, a tecnologia industrial, os movimentos musicais brasileiros, o subdesenvolvimento e a paródia. A crítica política também se manifesta no trecho “por entre fotos e nomes/ sem livro e sem fuzil/ sem fome sem telefone/ no coração do Brasil.”



Há de se lembrar que o Movimento Tropicalista surgiu sob a égide da Ditadura Militar no Brasil, anos de chumbo, com o direito de manifestação e de imprensa restritos e a liberdade de expressão era cassada nos bastidores da Censura do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), da Polícia Federal. A censura era implacável e várias canções de Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, e outros integrantes do movimento, foram proibidas.



Decretado o AI-5, conta CEREJA & MAGALHÃES, as estrelas da cultura brasileira desse período foram ‘convidadas’ a deixarem o país, e o Trpicalismo teve aí seu fim prematuro cujas marcas ainda podem ser observadas na produção cultural de hoje, especialmente na música, sendo o caso de compositores como Zeca Baleiro, com uma miscelânia original do samba, o regional nordestino e o heavy metal, e Carlinhos Brown dando abertura às tradições afro-brasileiras.



O Tropicalismo foi visto por alguns críticos como um movimento vago, sem comprometimento político– social, haja vista que alguns outros artístas se manifestarem abertamente contra a ditadura militar da época sob o título de Canção de Protesto. Os Tropicalistas, realmente ressaltam que não tinham intenções de desencadear discussões polítíco-ideológico, pois acreditavam que a experiência estética-musical valia por si mesma, já que ela mesma era um instrumento social revolucionário.



Dada a forte repressão sofrida pelos integrantes do movimento, em face às circunstâncias conturbadas do peródo ditatorial, o segmento intelectualizado da sociedade rejeitou a proposta inovadora, considerando os representantes alienados. Somente depois de décadas passadas, o Tropicalismo passou a ser visto como um movimento cultural, prematuramente esvaziado, mas que deixou raizes na Música Popular Brasileira.



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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira. 2.ed.reform. São Paulo. Atual, 2000.

CAMPADELLI, Samira Youssef e SOUZA, Jésus Barbosa. Português - literatura, produção de textos & gramática. 3.ed., São Paulo, Saraiva, 2000.

SITES:

CAETANO VELOSO. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Veloso Acessado em 21/02/2008.

TROPICÁLIA. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropicalismo Acessado em 20/02/2008.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

A IMPORTANCIA DA HISTÓRIA DA MÚSICA NO CURSO DE FILOSOFIA DA ARTE

Portinari


A História da Música se confunde com a própria história do desenvolvimento humano, já que é a forma mais primitiva de arte e é anterior a qualquer tipo de comunicação entre os homens por expressar emoções humanas que, às vezes, não são possiveis por palavras.


A música existe na natureza, por exemplo, o canto dos pássaros, a correnteza das águas, o sussurar do vento, o crepitar das chamas, o choro ou a risada, logo é um fenomeno natural e universal, tem existência autonoma, fazendo parte do processo da criação, pois dá significado a uma essência, tendo como caracterísca a poesia expressa por sons.


Para Shoppenhauer, conhecido pelas suas idéias pessimistas, a música tem um papel importante, pois, argumenta ele, há uma dialética entre o ouvinte e a música, isto é, o ouvinte não recebe a música como mensagem dirigida a todos, mas se identifica com ela, reconhecendo que na própria desgraça pode haver um sentimento profundo, o que equivale a racionalizar as dores e, ao mesmo tempo, aliviá-las, por meio da música.


Para Bono, a música é “a arte de manifestar os afectos da alma, através dos sons”, isto é, tendo em vista que os sons têm o poder de enleio, de vibrar o corpo e modificar o mundo ao seu redor trazendo à tona o subjetivo, desvela lembranças boas ou ruins provocando alivio ou sofrimento ao ouvinte.


Como disciplina acadêmica, a história da música se insere na historia da arte e no estudo da evolução cultural dos povos, visto ser uma atividade artística essencialmente humana e possibilita compartilhar emoções e sentimentos, de acordo com o contexto socio-cultural vigente.
Em 1957 Marius Schneider escreveu: “Até poucas décadas atrás o termo ‘história da música’ significava meramente a história da música erudita européia. Foi apenas gradualmente que o escopo da música foi estendido para incluir a fundação indispensável da música não européia e finalmente da música pré-histórica."


O estudo da história da música não podem ser dissociada do contexto cultural. Cada cultura possui seus próprios tipos de música, com estilos totalmente diferentes, abordagens e concepções do que é a música e do papel que ela deve exercer na sociedade.


Como toda filosofia nasce de um contexto social, político, religioso, enfim cultural, e toda manifestação artística traz no seu bojo as idéias vigentes, seja de âmbito literário e /ou filosófico, a abordagem da História da Música no curso de Filosofia da Arte se mostra oportuna e imprescindível, tendo em vista ser ela uma linguagem universal, humana e estar ligada ao contexto histórico-cultural de cada povo, de cada sociedade.


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REFERÊNCIAS BILBLIOGRÁFICAS
SITES:
WIKIPÉDIA-MÚSICA– Disponivel em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica#Hist.C3.B3ria_da_m.C3.BAsica
Acessado em 24/01/2008.
A IMPORTANCIA DA MÚSICA NA FILOSOFIA DE ARTHUR SCHOPENHAUER
Disponível em
http://66.102.1.104/scholar?hl=pt-BR&lr=lang_pt&q=cache:f1CKu97ZWM8J:www.ufsj.edu.br/metanoia5/andre.pdf+
Acessado em 24/01/08


domingo, 27 de janeiro de 2008

A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E A REALIDADE EDUCATIVA


Por: Brigitte Luiza Guminiak

A cada dia percebe-se a crescente necessidade de se pensar uma política pública que vise cuidar dos nossos bens culturais, confirmando as tradições e a preservação dos aspectos físicos e ambientais de forma que dêem suporte à existência de um processo de preservação das práticas culturais e instrumentos de identificação no sentido de valorizar a permanência das mesmas na sociedade local.



Assim, a Educação Patrimonial tem se revelado cada vez mais do maior interesse teórico e prático e a preservação de bens naturais e culturais se justifica para garantir certos direitos universais do ser humano, como: direito às condições materiais e espirituais de sobrevivência, à qualidade de vida, à memória, ao exercício da livre criação e o uso e fruto de bens culturais.



No campo educacional, um adágio popular antigo diz que EDUCAÇÃO VEM DO BERÇO. Nada mais verdadeiro.

É no aconchego do colo familiar que as bases da educação são lançadas, como o respeito pelo outro e suas diferenças, a solidariedade, a valorização da vida presente, passada e futura, enfim os valores morais, religiosos e artísticos que norteiam o desenvolvimento do ser humano de forma completa e integral.



A comunidade escolar tem um papel complementar e seqüencial àquela recebida no lar. Sendo assim, a Educação Patrimonial preconizada na LDB e nos PCNs devem ser somente “adubos à semente já lançada” no seio familiar.



A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), no seu art. 26 enfatiza que a parte diversificada dos currículos do ensino básico deve observar as características regionais e locais da cultura dessa sociedade, o que abre espaço para a construção de uma proposta de ensino voltada para a divulgação do acervo cultural dos estados e municípios.



Já os Programas Curriculares Nacionais (PCNs) inovaram, pois introduziram a interdisciplinaridade na educação básica mediante a introdução dos chamados Temas Transversais, que deverão perpassar todas as disciplinas escolares. Pelo menos dois desses temas possibilitam o estudo do Patrimônio Histórico, por conseqüência, desenvolver projetos de Educação Patrimonial: o meio ambiente e a pluralidade cultural.



Nota-se que já foram criados espaços normativos (a LDB e os PCNs) para que a escola vivencie experiências capazes de despertar nos alunos o interesse pelo conhecimento e pela preservação de nossos bens culturais.



No entanto, é preciso que as secretarias de educação estaduais e municipais, em parceria com os órgãos de preservação (agencias de cultura, turismo, IPHAN) realizem cursos e atividades pedagógicas que instrumentalizem o professor com metodologia voltada à Educação Patrimonial.
Só assim serão oferecidas condições efetivas para que a comunidade escolar se constitua numa opção de espaço privilegiado para o exercício da cidadania de crianças, adolescentes e jovens mediante o conhecimento e a valorização dos bens culturais que compõem o diversificado e rico Patrimônio Histórico Nacional, começando pelo Patrimônio mais importante para a formação da nossa identidade, a LÍNGUA, pois é com ela que transmitimos as lendas, as músicas, o folclore, os sentimentos nacionais e de amor à Pátria.



Podemos dizer que a Educação Patrimonial deve ter como um dos pilares a preservação, a valorização e o fortalecimento da Língua Portuguesa, nesta acepção, importa aqui, defender também, a trilogia índio, negro e branco, pois foram eles que constituíram o povo brasileiro, enriquecendo a língua que tornou-se comum aos três com a interação de suas culturas.



A nossa Língua Portuguesa (a falada no Brasil) sendo a mistura de relações políticas, culturais, comerciais com outros países, deve ser preservada e respeitada por todos os falantes nacionais como o Patrimônio Cultural que unifica, caracterizando a identidade do povo brasileiro, constituindo-se um elo que liga o passado ao futuro do nosso povo.



Ressalta-se que nós somos o que falamos. Falando, revelamos não só o que “pensamos”, mas também quem somos: nível cultural, posição social, o comportamento diante de situações etc. Enfim, passamos ao outro o nosso modo de ser e ver o mundo pela língua que falamos.



A preservação do acervo literário inicia-se com a divulgação do mesmo, no sentido de fazer-se conhecer quem são os nossos pensadores e literatos, sua importância histórica e o seu legado para com a cultura e formação da unidade nacional. Pois ninguém valoriza o que não conhece.



O professor de Língua Portuguesa e Literatura é importante divulgador do processo sistemático de uma educação patrimonial, por ser fonte primária da Cultura popular e capaz de enriquecer o indivíduo e o coletivo, tornando-se um poderoso instrumento de reencontro do povo com suas origens através das artes literárias. Seu envolvimento no processo de fortalecimento da Cultura, é primordial, diria mesmo, fundamental para a construção de uma postura consciente e ativa no desenvolvimento da cidadania e da Cultura.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1- REVISTA DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL– CIDADANIA - Brasília. IPHAN, nº. 24, 1996.

SITES:
1- ORIÁ, Ricardo. Educação Patrimonial - conhecer para preservar.
Disponível em
http://www.educacional.com.br/articulistas/articulista0003.asp acessado em 13/12/2007.
2 – QUEIROZ, Moema Nascimento. A Educação Patrimonial como Instrumento de Cidadania.
Disponível em
http://www.revistamuseu.com.br/artigos/art_.asp?id=3562
Acessado em 13/12/2007.
3 – COORDENADORIA DO PATRIMONIO CULTURAL DO GOVERNO DO PARANÁ – Educação e Preservação do Patrimônio Cultural. Disponível em
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=255
Acessado em 13/12/2007.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

NA RELIGIÃO DA ARTE QUAL A DIFERENÇA ENTRE O ARTESÃO E O ARTISTA?





Renoir- Paisagens -Wargemont









Por: Brigitte Luiza Guminiak


Na Idade Média a Igreja utilizou-se da Arte com a finalidade de sacralizar e divinizar o mundo, com a intenção de aproximar o divino à criatura e fazendo crer de se tratar de algo imanente do HUMANO. A dimensão religiosa das artes deu aos objetos artísticos ou às obras de arte uma qualidade de transcendência, chamada por Walter Benjamim de “AURA”, sendo ela uma absoluta singularidade do SER, portanto, IRREPETÍVEL. A obra de arte possuída por uma AURA torna distante o que está perto, porque vai além da realidade, dando-lhe a qualidade da transcendência.


Assim, a origem religiosa transmitida às obras de arte deu-lhe uma qualidade transcendente mesmo quando se distanciaram da religião e se tornaram autônomas.


O artista se faz na transcendência, e com criatividade, em totalidade com o SER. A criatividade aliada à fantasia e à inspiração apreende a intimidade subjetiva do artista, desaguando na execução da obra. Um desaguar de singularidade, que em um segundo momento criativo não se repete. O artista vive dentro de si o assunto ou a obra. Um está contido no outro. Não há como repetir o sentimento, as angústia, as alegrias daquele momento único e inefável, o momento da criação.


O artista não imita a Natureza, antes, liberta-se dela, pois cria uma realidade humana e espiritual, por meio da criatividade, e assim ele se aproxima do Criador.


O sentido novo da obra de arte é expresso pelo artista e a institui como parte da cultura, pois sendo um ser social reflete sobre a sociedade, voltando-se para ela, seja para criticá-la, afirmá-la ou superá-la.


Verifica-se então que o artesão difere do artista, pois aquele concebe à arte um caráter imediatista e mimético visto não extrapolar o pensamento de si, separando o interior do exterior, numa visão do “eu” separado da arte, e inconscientemente, questiona esse fato, vez que, para ele a obra é mera “thécne” , sem poiesis, simples imitação da Natureza, logo, desprovida de transcendência, já que domina a “thécne” destituída da “poiesis”, da transcendência, da aura singular que reveste o momento criativo.


A “thécne” do artesão pode se constituir num “perigo supremo”, segundo Heidegger, haja vista propiciar o ocultamento do SER, levando a que o homem não encontre a sua face na obra, a sua essência, mas apenas o desvelamento da “thécne”. Esse perigo pode ser evitado se se unir “thécne” e “poiesis”.


O que caracteriza a obra de arte e a diferencia de uma produção artesã é a capacidade de fazer aparecer a verdade e não unicamente uma imitação da natureza, visto que o artista revela por meio da obra de arte aquilo que o mundo tem de primordial.


O artista se vale do material para revelar a verdade já contida no material, para o artesão, esse processo não ocorre, pelo fato do imanente não se encontrar com o transcendente, a thécne não se une à poiesis, o pro-duzir se materializa no mundo exterior, sem envolvimento do mundo interior, de forma prática e desmistificada. Para o artesão não há o SOFRER, O VIVER a obra, somente o FAZER.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- MELO, Marcelino Peixoto. Tópicos em Artes Plásticas: Leituras e Releituras da Obra de Arte. UFMG, 2003.

2- PRATES, Eufrásio. Passeio Relâmpago pelas Idéias Estéticas do Ocidente.
Disponível em
http://www.geocities.com/Eureka/8979/estetica.htm

3- SERRA, Paulo. O Designe na era da Informação. Universidade de Beira Interior.
Disponível em
http://bocc.ubi.pt/pag/serra-paulo-design-era-informacao.pdf

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

A Filosofia Tomista_Aristotélica e a Importância da Luz na Arquitetura das Catedrais Medievais- Parte III


AS CATEDRAIS E A IMPORTÂNCIA DA LUZ NA ARTE MEDIEVAL


A arte medieval tem o seu foco no religioso, fundamentado na Criação e no Cristianismo. Foi financiada, na maioria das vezes pela Igreja.

O pensamento medieval é arquitetônico, vez que construir é produzir, gerar espaços e lugares que propiciem um patamar e uma circunstância que una a terra ao céu, o Homem ao Divino, formando unidade. Habitar a construção é guardar o divino e resguardar o Homem.

Para o medieval, a arquitetura é a produção do espaço propício que conduz o Homem à sua fonte criadora, à origem e o guarda para que a plenitude da obra se consuma.

As igrejas constituíram a mais eloqüente manifestação da arquitetura medieval. Dois grandes estilos arquitetônicos foram consagrados: o românico e o gótico.

A arquitetura românica teve seu apogeu no Século XI, aparecendo os mosteiros, castelos e igrejas. Refletia o mundo feudal teocêntrico: o castelo representava a segurança terrena (o feudo) e a catedral (fortaleza de Deus), a segurança espiritual, ou seja, enfatizava-se ao mesmo tempo o poderio da nobreza e da igreja.

A catedral românica é maciça, pesada, de linhas simples. Seu interior é sombrio, criando uma atmosfera de segurança e tranqüilidade, propícia à submissão e à devoção.

A catedral gótica, banhada de luz e cor, decorada com pinturas e esculturas, significava mais do que um templo para o homem medieval: era sua escola, sua biblioteca, sua galeria de arte, o ponto de encontro do homem com o divino. Era a casa do povo, o próprio coração da cidade.

A arquitetura da catedral gótica é pensada para a inclusão de todos, a universalidade, compreensão total do universo, completo, o que abarca tudo e isso culmina no céu, a abóbada. O homem medieval vê a vida vinda do alto, o que providencia a conexão com a luz divina. Millet em Luz Revelando Arquitetura considera que o “céu providencia a conexão com a luz divina [...] até mesmo antes de qualquer valor religioso ter sido atribuído ao Céu, ele revela a sua transcendência. O céu simboliza transcendência, poder e o simples desafio de existir. Ele existe porque é alto, infinito, imóvel, poderoso”.

Um elemento importante na arquitetura das catedrais góticas é a luz, usada para ligar os aspectos espirituais da vida às forças divinas. Esse aspecto sagrado está relacionado à experiência das conexões cósmicas, por exemplo, o aspecto sagrado da mudança temporal expressa em locais especiais como as catedrais e basílicas. Lugares que oferecem conforto, silêncio, introspecção em contraste com as condições exteriores.

A luz revela a edificação, suas intenções, seus espaços, suas formas e seus significados. Luz revela a arquitetura e, no melhor dos casos, arquitetura revela a luz.

A catedral gótica, como imagem do mundo, no contexto medieval, representa nitidamente dois mundos: o de fora, onde a história da salvação é vivenciada, e o de dentro, onde tudo é espaço, descanso, paz, grandiosidade, pura luz que vem do alto.

Nas igrejas católicas medievais, a cosmologia levou a um sistema de símbolos diferentes, na qual a luz do dia e a luz das velas revelam a representação da posse de Deus.

A interação entre a luz divina e a luz terrena ocorre dentro das catedrais para que todos possam ver e experimentar.

Ruskin descreveu o templo medieval como sendo “em toda parte um tipo da igreja invisível de Deus”.

No interior das catedrais góticas o homem recebe uma impressão religiosa de qualquer tipo, é tocado pela majestade das imagens dos apóstolos e de Deus que os envia e olha para baixo. A luz nas catedrais góticas medievais é divina, cintilante, brilhante, pura, parece ser a luz do paraíso.
Para os Séculos XII e XIII, as catedrais foram a fonte e a essência de toda beleza visual. Para o pensador medieval a beleza não era um valor independente dos outros, mas a radiação da verdade, o esplendor da perfeição de Deus, e da qualidade das coisas que refletem sua origem no Criador.

Durante o mesmo período em que foi construída a catedral de São Marco, a luz divina também se revelou na Catedral de Notre Dame (1194 -1120) na França, através dos vitrais manchados das janelas. A luz do dia era transformada ao traspassar os vitrais coloridos, tornando–se, para devotos medievais, a própria luz divina, pois todo o interior é inundado pela luz colorida. Todos aqueles que adentrarem na catedral podem se banhar nesta luz divina.

Dessa maneira o sagrado, nas catedrais medievais, é expresso pelo tamanho da construção, pela qualidade da luz e pelas imagens.

A luz pode nos levar além do finito, do tempo e do espaço que conhecemos como mortais, no instante em que somos movidos a imaginar sobre o universo e refletir sobre o nosso papel dentro desse contexto. Um pequeno feixe de luz pode nos encorajar a assumir a missão a nós reservada pelo Criador.

Nossas vidas estão intimamente ligadas à luz. Nós literalmente não podemos viver sem ela. É uma das forças básicas e imutáveis da natureza, gera e anima a vida na terra. O sol, fonte de luz e calor, sustenta a vida vegetal, proporcionando, portanto, alimento para a vida animal, inclusive o homem. No período medieval as luzes das estrelas e da lua definiam a noite – partes de algo maior do qual nós somos uma minúscula parte. Os mistérios eram abertos para os assombramentos e mitos carregavam suas mensagens. Ao anoitecer, a luz era rara, e a noite era coberta de mistério.

A Luz tem claramente a capacidade de modificar a matéria. Se ela pode mudar a matéria física de nossos corpos, então por que não também nossos pensamentos e sentimentos? E a arquitetura gótica depende da luz. Como a luz revela as formas arquitetônicas e os espaços produzidos por ela, ela simultaneamente revela o significado e as intenções que são liberadas através do processo de concepção, projeto e construção. Estes significados são tanto particulares como universais.

A linguagem natural da luz e da escuridão é uma poderosa unidade com a qual se expressa significado na arquitetura. Luz, na revelação da arquitetura, simultaneamente revela o significado no edifício, sendo este sublime ou banal.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Revista Scientific American Brasil – Gênios das Ciências – Aristóteles- Nº. 10

2 – VICENTINO, Cláudio. História Geral. São Paulo, Scipione, ed.9. 2002.

3 - ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela N.; FADEL, Tatiana. Português, Língua e Literatura. São Paulo: Moderna, 1.ed., v.único.2000.

4 - PIEPER, Josef. Luz Inabarcável – o elemento negativo na Filosofia de Tomás de Aquino. Disponível em http://www.hottopos.com/convenit/jp1.htm

5 – MILLET, Marieta S. Luz Revelando Arquitetura. Disponível em:
http://www.arq.ufsc.br/labcon/arq5656/livro/menu.htm

Filosofia Tomista-Aristotélica e a Importância da Luz na Arquitetura das Catedrais Medievais- Parte II


ARISTÓTELES E TOMÁS DE AQUINO NO PENSAMENTO MEDIEVAL

A Europa só conheceu a importância da filosofia de Aristóteles a partir do século V e VI quando apareceram as primeiras bibliotecas e a nobreza passou a ler em grego. Com o surgimento das universidades, que quebraram o monopólio educacional da Igreja, a filosofia aristotélica foi traduzida do grego para o latim e do árabe para o latim.

“Os pensadores europeus do século XIII, cujo modelo era Tomás de Aquino, encontraram nos textos de Aristóteles não somente o vigor de um pensamento filosófico desconhecido até então, mas, sobretudo, o corpo de uma obra científica que eles consideraram a realização da ciência da época antiga. [...] Apesar de ter sido visto com suspeita pelas autoridades eclesiásticas, esse “Aristóteles dominicano” dominou rapidamente toda a vida intelectual européia, transformando-se no obstáculo mais formidável para a renovação do pensamento”. (Scientific American Brasil-Aristóteles)

Até o século XIII, o ocidente foi marcado pelo pensamento de Agostinho, o qual colocou a fé acima de tudo, até acima do conhecimento, o teocentrismo cristão. Segundo a teologia agostiniana, a natureza humana é, por essência, corrompida, estando na fé em Deus a remissão, ou seja, a salvação eterna.

Essa visão pessimista em relação à natureza humana foi substituída por uma concepção mais otimista e empreendedora do homem, a filosofia escolástica, que preconizava que o progresso do ser humano não dependia apenas da vontade de Deus, mas do esforço do próprio homem, desse modo tentava assimilar as transformações sociais e preservar os valores da igreja e do feudalismo para assegurar a supremacia da igreja.

Com a análise minuciosa das obras de Aristóteles e inspirado na teologia cristã, Tomás de Aquino elaborou a Summa Theologica, (obra que discorre sobre vários assuntos) defende maior autonomia da razão na obtenção de respostas, apesar de não negar a importância da fé.

Em Tomás de Aquino, o foco se dá na Criação. Por toda a parte se dá a participação do todo no ato criador de Deus. Assim, não há nada que não seja Criatura (Creatura), a não ser o próprio Criador (Creator).

Todas as coisas são criaturas (Creatura), não somente a alma e o espírito, mas todas s coisas pertencentes à realidade do mundo visível.

Tomando por base a afirmação de que a idéia de que tudo o que pode ser objeto do conhecimento humano, ou é Criatura (Creatura), ou é Criador (Creator), temos que não somente o pensado pode chamar-se, em sentido estrito, de verdadeiro, mas as coisas reais são, de fato, algo pensado.

Sendo assim, poderia se falar de essência das plantas ou de essência do homem, porque (e na medida em que) Deus concebeu as coisas, por isto (e nessa medida) é que elas possuem uma essência.

Na obra Summa Theologica I, 45, 7, Tomás de Aquino afirma:
“Na medida em que ela (Criatura) possua uma forma e uma qüidade, ela reproduz (repraesentat) a Palavra, na mesma medida em que a forma da obra de arte provém do projeto do artista.”

Portanto, as coisas são reais e verdadeiras no divino e no humano, ou seja, a realidade natural está entre o intelecto divino e o intelecto humano. Tomás deixa claro o duplo conceito de verdade das coisas: o ser-pensado por Deus e a inteligibilidade para o espírito humano. Destarte, a frase “as coisas são verdadeiras” significa em primeiro lugar, que as coisas são criadoramente pensadas por Deus e, segundo, que as coisas são por si mesmas acessíveis e apreensíveis para o conhecimento humano.

Por conseguinte, a Criatura (o homem e as coisas) por ela mesma não é nada. A Criatura enquanto em modo de desvelamento do real, desvelamento do ser, está em processo de criação. Daí dizer que tem tripla existência: em Deus, em si mesmo e no pensamento (intelecto). Está, pois implícito, que há três níveis de arte na criação: o poder e a sabedoria criadora de Deus; o poder e a sabedoria criadora do Homem e o poder e a sabedoria criadora da natureza.

Sendo assim, no universo, tudo emana de Deus e tudo retorna para Deus, porque as coisas e o homem são criaturas, que remetem em sua essência ao projeto divino.

No período medieval, a criação do universo e do homem foi intensamente retratada no interior das catedrais e basílicas, desde as cúpulas e abóbadas, até os altares e paredes laterais que, juntamente com os sermões, tinham a finalidade de catequizar os fiéis, pois o analfabetismo era generalizado.

A Filosofia Tomista-Aristotélica e a Importância da Luz na Arquitetura das Catedrais Medievais- Parte I




Autora: Brigitte Luiza Guminiak Sousa – Graduada em Língua Portuguesa e Literatura, Pós-graduada em Gestão de Políticas Públicas, Pós-graduanda em Filosofia da Arte.

Resumo: este trabalho apresenta as inovações artísticas arquitetônicas introduzidas na Idade Média, com ênfase na utilização da luz e o seu significado no contexto medieval.

Palavras-chave: Idade Média – Filosofia -Arquitetura- catedrais – luz



Com a queda do Império Romano observou-se também um colapso nos valores culturais e religiosos na Europa, ocasionando a ascensão do cristianismo na região, marcando sobremaneira o início de um novo período, a Idade Medieval.

È bom salientar que a Idade Média, ou o mundo medieval, é um período histórico afeto apenas à Europa e não a toda a humanidade, vez que a população era pequena em relação aos poderosos e dinâmicos centros muçulmanos, e ficava afastada da rota do comércio que passava pelo Mediterrâneo, rumo ao Oriente.

A Idade Média sempre foi apresentada à sociedade sob uma ótica obscurantista e opressora da Igreja. No entanto, a idéia de homem e humanidade nasce na Idade Média.

Idade Média é uma invenção moderna, assim como o moderno é uma invenção medieval, aliás, a palavra modernus começou a ser usado no século XII.

Grandes inovações científicas e tecnológicas se verificaram nesse período, como a invenção da imprensa (prensa móvel) por Gutenberg, o surgimento das primeiras universidades (por volta de 1200 - a de Paris, Coimbra, Bolonha e Oxford), a invenção de grandes relógios mecânicos que transformaram a noção de tempo nas cidades. A criação dos óculos também ocorreu nesse período.

Houve também avanços nas técnicas de serralheria, fundição de ferro, utilização de moinhos d’água, a invenção das caravelas que possibilitou a expansão marítima. Popularizaram-se instrumentos como a bússola e o astrolábio, fundamentais no sistema de orientação nas grandes navegações.

A descoberta da América ocorreu nesse período, bem com a teoria heliocêntrica, de Copérnico.
Goff afirma em sua obra Reflexões sobre a história (1986) que é nesse período que se originaram elementos importantes da atualidade, como a matriz de nossas cidades, a maneira de nos relacionarmos e de constituirmos família.

Uma das principais características da Idade Média é a sua intensa religiosidade, visto que para o homem medieval o sagrado era reconhecido como encarnado no quotidiano dos homens e mulheres e o apelo da religião reunia a todos e em todas as regiões da Europa, formando a consciência de um povo único, o povo celeste. Essa capacidade de pensar e agir em conjunto deve-se ao fato de que o sentido da transcendência arrancava o indivíduo da sua condição particular e impulsionava-o a um ideal absoluto, tal como uma terra santa a ser libertada (as Cruzadas), uma igreja a ser construída ou um herege a ser queimado na fogueira (Inquisição).

É necessário observar que a Igreja imprimiu nos ideais do homem medieval os valores teológicos de uma visão de mundo que lhe era conveniente no contexto social da época: um mundo desigual e dividido em estamentos.

Assim, o clero se uniu aos senhores feudais reforçando seus privilégios e domínios e oferecendo ao povo a promessa do paraíso celeste, mas em outra vida, não na vida terrena.

A Filosofia que até então possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos sofreu influências da cultura judaica e cristã, a partir do século V, quando pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, na tentativa de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico da Igreja, que se consolidava na Europa. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como: Providência e Revelação Divina e Criação a partir do nada passaram a fazer parte de temáticas filosóficas.

O pensamento filosófico marcante desse período, ficou conhecido como a Escolástica (ou Escolasticismo), que pode ser definido, como o conjunto de elaborações filosóficas dos doutores da Igreja , ao longo da história , notadamente na Idade Média ( do séc. IX (ao séc. XVII), que busca conciliar as verdades de fé (as verdades reveladas) com a razão humana. Dessas elaborações, a Igreja seleciona aquele conjunto de doutrinas que compõe a chamada filosofia perene; sempre sob a autoridade do Santo Padre e o Colégio Episcopal.

A Escolástica surgiu da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade. Por assim dizer, responsável pela unidade de toda a Europa, que comungava da mesma fé. Esta linha vai do começo do século IX até o fim do século XVI, ou seja, até ao fim da Idade Média. Este pensamento cristão deve o seu nome às artes ensinadas pelos escolásticos nas escolas medievais.