quinta-feira, 11 de outubro de 2007

CÉSIO 137 CONCLUSÃO



Bosque dos Buritis- Goiânia




MORTE QUE GERA VIDA






O acidente com o Césio 137, ocorrido há 20 anos em Goiânia, jamais será esquecido, pois faz parte da história goiana. Mesmo porque, os fatos trágicos devem servir de alerta a gerações futuras sobre a utilização de materiais radioativos sem a devida precaução que o manuseio requer.



A tragédia goianiense poderia ter sido evitada, sim, se o Poder Público agisse com perícia, eficiência e eficácia desde o momento da demolição do prédio do Hospital da Santa Casa.



A sombra da tragédia ainda ronda centenas de pessoas indiretamente atingidas, e que não foram reconhecidas pelo Governo Estadual como vítimas do acidente, são aquelas que trabalharam na remoção dos rejeitos e os que fizeram a segurança dos locais atingidos.



Nada que se fizer pelas famílias atingidas, será o suficiente para amenizar a dor da perda, da discriminação e, principalmente, a humilhação de ter que mitigar amparo por um ato de negligência do poder constituído.



Reconheçamos que a classe médica local não estava preparada para lidar com uma questão tão séria e com conseqüências tão trágicas, e a população não tinha conhecimento de como agir em tal situação, nem o Governo da época.



A luta das vítimas indiretas para que sejam incluídas no rol de radioacidentados conta com o apoio do Ministério Público e tem alcançado êxito numa batalha judicial, que se arrasta a alguns anos, mas ainda é ínfimo o número de reconhecidos.



As informações sobre o nexo causal das seqüelas apresentadas pelas vítimas, são evasivas e deixam muitas dúvidas, ou por falta de conhecimento ou, talvez, por sonegação deliberada de informação.



Mas uma pergunta que não quer calar: se ocorresse, hoje, um acidente radiológico idêntico na cidade de Goiânia, o Governo, a classe médica e a população estariam preparados para reagir positivamente às conseqüências e evitar vítimas fatais?



Os avanços tecnológicos no campo da medicina deram largos passos nas pesquisas e criação de equipamentos sofisticados para diagnóstico rápido e seguros em situações de emergência, fator decisivo nos casos de acidentes radiológicos. Mas o que preocupa é o caos da saúde pública, que num caso semelhante, as primeiras vítimas obviamente serão encaminhadas aos postos de saúde mais próximos, e a conhecer o problema da distribuição dos medicamentos, já relatado, causa certa apreensão, já que a assistência médica se torna ineficiente quando a medicação é descontinuada.



A comunidade científica se mobilizou e fundou, em setembro/2007, em parceria com a CNEN, um centro de estudos na Universidade Católica de Goiás com o objetivo de promover estudos no sentido de investigar os possíveis nexos causais com as seqüelas biológicas apresentadas sob baixos índices de radiação, como é o caso do acidente com o Césio 137 em Goiânia.






È necessário que se aproveite todo o material que ainda está disponível, por exemplo, as próprias vítimas, para que essa riqueza de conhecimento científico não se perca em definitivo, haja vista que os radioacidentados estão envelhecendo.



Um esforço extra está sendo feito nesse sentido, professores têm elaborado projetos, em que levam os alunos à visitação da sede administrativa regional da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em Abadia de Goiás, onde estão depositados os rejeitos radioativos do acidente com o Césio 137, num trabalho de formiguinha, para esclarecer os efeitos da radiação.



È notório a desinformação da população jovem de Goiânia a respeito da tragédia e do lastro de morte que um acidente dessas proporções causa ao ser humano e ao meio ambiente. Mas é dever, principalmente, das autoridades criarem meios de prevenção para que acidentes semelhantes não ocorram, para o bem da população local, o meio ambiente, e, porque não dizer, para o bem do planeta.



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Fonte: Jornal Diário da Manhã
Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN- Abadia de Goiás
Superintendência Leide das Neves – SULEIDE - Goiânia
Agradecimentos especiais:
Carlos Henrique de O. Furtado, gestor público da SULEIDE
Elaine – Bibliotecária da CNEN

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