quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

SOCIEDADE, CULTURA E TECNOLOGIA - Cultura Digital- Comentários à entrevista de Laymert Garcia dos Santos




Tópicos de discussão:

1- Santos considera que " a chamada inteligência brasileira, com raras exceções, ainda não percebeu a mudança evidente que está ocorrendo. E nem as possibilidades que estão se abrindo - e isso eu acho gravíssimo do ponto de vista da política (p.289)".



Comente esta afirmação, relacionando-a com o pensamento de Tás, quando argumenta que "... hoje, se o professor achar que é proprietário do conhecimento ele está fora do mundo... O cenário digital é muito propício a isso, porque não precisamos mais carregar e decorar livros para cima e para baixo, está tudo na rede, o que sobra é o discernimento (p.236)".




2- A educação brasileira ainda está um passo atrás na utilização das midias no sistema educacional, em relação a, por exemplo, EUA e Europa. Estamos ainda na fase de "abrir espaço" para a inclusão de cultura cibernética no sistema de ensino nacional. Considerando a afirmação de Santos, no tópico anterior, e as políticas públicas para o setor educacional, estaria a educação brasileira preparada para essa mudança cultural?

sábado, 28 de janeiro de 2012

SOCIEDADE, CULTURA E TECNOLOGIAS- Cultura Digital-comentários à entrevista de Marcelo Tas




TÓPICOS DE DISCUSSÃO

1- O entrevistado diz que valorizamos demais o termo digital, quando tudo é cultura. Ao falar sobre isto ele chama a atenção para dois polos, a superestimação e a subestimação da tecnologia.
Trace um paralelo entre as idéias do entrevistado com as idéias de Lúcia Santaella - Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós humano- quando ela se refere à definição de mídia.

Para lúcia Santaella " mídias são meios, suportes materiais, canais físicos, nos quais as linguagens se corporificam e através dos quais transitam" (p.25, segundo parágrafo). Santaella ainda acrescenta que "é o componente mais superficial, no sentido de ser aquele que primeiro aparece no processo comunicativo".

Na entrevista, Tas pondera que a subestimação - os céticos de Santaella- se configura quando o usuário não percebe a mídia como um veículo de comunicação, ainda arraigado a antigas metodologias de veiculação das mensagens. Já a superestimação -os otimistas de Santaella- valorizam apenas o veículo, as ferramentas disponíveis e se despreocupam com a mensagem a ser transmitida via digital.

Neste sentido, Santaella e Tas comungam a mesma opinião, qua as mídias são veículos de transmissão de cultura, mas se não houver mensagem , se torna uma tecnologia vazia.

2 - Temos enfrentado alguns problemas com o Moodle na disciplina Sociedade, Cultura e Tecnologias, e solicitado que usem outras ferramentas disponíveis na internet para postarem as respostas. Discuta esta relação com a afirmação de Marcelo Tas: "inventou-se a motocicleta e a gente fica falando do pneu, do aro, do banquinho e não fala da viagem que a gente tem para fazer com a motocicleta" (p.234).

Usando da mesma metáfora, precisamos aprender a pilotar a moto e entender como fazê-la funcionar bem para que a viagem seja possivel. Ficar reclamando do Moodle ou da dificuldade de usar plataforma não altera nada. Para postar atividades, textos ou informações pode-se usar tanto a plataforma Moodle ou outras ferramentas disponíveis, o que realmente importa é a postagem das atividades e não a plataforma Moodle.

3- O que é relevância e discernimento, definidos por Marcelo Tas?

Para o entrevistado, o termo relevância não corresponde ao alto número de acessos ou visita. A audiência precisa estar aliada a uma mensagem inédita, criativa e inovadora permitindo a manutenção da audiência, comprovando a relevência do que foi postado. O discernimento, o bom senso, o ato de filtrar as mensagens. Nem tudo que está disponibilizado na internet tem relevância. O discernimento é necessário para não cairmos em armadilhas ou falsas informações. Digamos, separar o jôio do trigo.

4 - Na entrevista, Marcel Tas fala sobre educação, função de professor e a tecnologia. Discuta o pensamento dele, vinculando-o com outro autor da área de educação.

Tas coloca bem o papel do professor nesse novo processo de ensino-aprendizagem. O professor não é dono do conhecimento. O conhecimento vai se construindo no decorrer do relacionamento aluno/professor. Tanto o professor quanto o aluno são sujeitos ativos nesse processo. Esse enfoque remete à teoria de Piaget, que, em sítese, afirmava que o conhecimento é construido pelo aluno e o professor é um "facilitador" ou digamos, um coordenador desse processo.

5- "Então a gente já vive imerso nesta gelatina de informação e cada pessoa tem o seu filtro, sua maneira de se relacionar com isso" (p.241). Comente esta afirmação tendo por base qa caracterização da cultura digital ou cibercultura em Lúcia Santaella.

A informação se tornou a palavra de ordem, circulando como moeda corrente numa dinâmica frenética, nas quais as linguagens e as mensagens se misturam , nos envolvendo completamente. Neste contexto o filtro pessoal é ativado para selecionar o que nos interessa.

domingo, 30 de agosto de 2009

O OLHAR FOTOGRÁFICO

Por : Brigitte Luiza Guminiak

O contexto gerado pela Revolução Industrial deu à vida um novo rumo. Além dos objetos industrializados, houve uma aceleração na produção, proporcionando a geração de novas necessidades e conceitos o que afetou também o mundo da Arte, no nosso caso, a fotografia, já que a modernização industrial apresentou equipamentos mais precisos e sofisticados.



Ressalta-se que o fotógrafo ao utilizar as novas técnicas e ao aderir às tecnologias inovadoras, isso não implica necessariamente em fazer uma arte nova. Ao contrário, pode perder a ânsia da busca de algo que represente as suas inquietações, seus prazeres e a consciência do público.


Essas inquietações e prazeres, segundo Simões & Galimberti (2000) estão impregnados no olhar do fotógrafo que investiga o proibido, vasculha o temido, não de fiscalizar, mas sim para oferecer uma oportunidade ao objeto fotografado para revelar-se e porque não dizer, rebelar-se.


O produto fotográfico é a imagem gerada para o espectador com suas evidências e sombras, fazendo o objeto renascer e adquirir vida nova, vida de imagem que alimenta o imaginário daquele que observa a fotografia.
Guarda-Chuvas - de German Lorca


Recorrendo a Wunenburger (2007), vemos que a fotografia, sendo imagem, é em si um texto a ser lido, interpretado, decifrado, comentado, discutido. Um texto provocativo e interativo com o espectador, servindo como reflexão texto provocativo e que interage com o espectador servindo como reflexço objeto renascer e adquirir vida nova, vida de imagem sobre o mundo e o estar no mundo, pois impregna de profundidade e sentido desde o momento em que se sabe que a imagem transcende os limites predeterminados da máquina fotográfica, já que as imagens nutrem o pensamento, e assim nos afastam do imediato, do real, abrindo a porta ao possível e aos sonhos, permitindo acesso a uma felicidade inédita, um regozijo dos sentidos, já que a imagem ativa o imaginário.



Tal proposição é reforçada em Joly (2006) quando afirma:

“[...] a imagem existe porque houve contigüidade física, é a própria emanação de um passado real. É uma verdadeira magia. É por isso que, com a ajuda da semelhança, confundiremos a fotografia com próprio ser, ou com uma parte do próprio ser e podemos tratá-la de maneira fetichista, como muitas vezes se faz com as fotos de namorados ou de pessoas desaparecidas. (p.129)”


A assertiva de Joly de que a fotografia emana de um passado real, reforça o signo da morte na fotografia que, segundo a autora, no mesmo instante em que se tira a fotografia, o objeto ou a pessoa desaparecem, se esse real existiu, é porque não existe mais, e a fotografia torna-se tão logo o próprio signo de que somos mortais e tudo é efêmero.


Ainda segundo Joly, a imagem tem sido muito manipulada e desprestigiada como meio de percepção, embora seja a percepção que dá importância ao olhar, já que é a forma de acesso ao outro, ao mundo e a mim mesmo, sendo que ao aprender a ver uma imagem, ao mesmo tempo ela encobre algo e também revela, como por exemplo, na expressão “o que você está olhando? Está vendo algo que eu não vejo?”.



Sim, quem admira uma fotografia, vê algo que outros não vêem e que somente o fotógrafo soube revelar, cabendo ao espectador interpretar por meio da percepção.

Uma consideração marcante a ser levantada é que a imagem, segundo Joly, é uma linguagem e, portanto, uma ferramenta de expressão e de comunicação, constitui uma mensagem para o outro, mesmo quando esse outro somos nós mesmos.



Para Joly, uma das precauções necessárias para compreender da melhor forma possível uma mensagem visual, no caso a fotografia, é buscar para quem foi produzida, ou seja, buscar o referente. Já que a fotografia carrega uma mensagem é justo compreender seu conteúdo e os critérios de referência, haja vista que a imagem fotográfica comunica uma relação entre o homem e o mundo, por exemplo, a foto de uma reportagem, ela revela algo sobre certa realidade, mas revela sobremaneira a personalidade, as escolhas, a sensibilidade do fotógrafo que a assina. Daí que fotografar é olhar, escolher, aprender. A fotografia não é a reprodução de uma experiência visual, apenas, mas a reconstrução de um paradigma (Joly:2006).



Cabe aqui observar o pensamento de Chauí (1985:31) quando lança especulações filosóficas em torno do olhar, afirmando serem os olhos as janelas da alma, ligados ao campo semântico da luz, da claridade, e por associação, o olhar que tornar visível o invisível.



Analisando com atenção as afirmações acima, vale destacar que a percepção do fotógrafo faz uma interseção entre o sujeito, a temporalidade e a existência num mundo mutável como o nosso.



Neste sentido, o olhar fotográfico exercita o pensar-sentir, observando tudo, pensando o sentimento e a subjetividade do mundo exterior, a refiguração do mundo. Com base nas assertivas acima descritas, nos suscita um questionamento que não quer calar: qual é o encanto da fotografia?



Buscando resposta à indagação, Joly talvez coloque luz quando distingue três fases diferentes na prática fotográfica: o “fazer”, que se refere ao operador; o “olhar”, que se refere ao espectador; o “sofrer”, que se refere ao espectrum (a imagem).



O “fazer” do ato fotográfico constitui o resultado do encontro entre o fotógrafo e o fotografado num momento único e instantâneo, sendo que a imagem está automaticamente terminada no próprio momento do “click”, esse momento decisivo (Joly, 2006: 126-127).

O olhar do fotografo que percebe o inusitado ao apreciar a imagem carregada de sensibilidade que transbordou a objetiva, penetra na intimidade do fotografado, como um instante único, um instante que se revela em imagem imortalizada.


Esse caráter único entre o fotógrafo e o objeto fotografado confere à fotografia a categoria de mimese perfeita, já que foge do convencional e dá um aspecto de aprisionamento, ou seja, foi “pego” ad eternum, mas que a imagem revela. E essa revelação nos diz qual a verdade que de fato esperamos ver na fotografia, ou seja, uma prova de existência do objeto/pessoa fotografada.

Para efeito desta reflexão, vale aqui um recorte para destacar a importância da percepção do fotógrafo ao olhar certas paisagens que se cruzam com a vida das pessoas: a cidade, a natureza, as próprias pessoas retratadas numa fotografia.

Sendo o olhar um dos sentidos mais atuantes, é por meio do olhar, portanto, que se inicia uma representação mítica inegável, por ser o portal entre o interior subjetivo e o exterior objetivo, haja vista que sempre esteve presente na vida do homem, principalmente a partir da invenção da fotografia. Desta maneira, é o olhar do fotógrafo imprescindível para se relacionar com o mundo real, e mais ainda, com o mundo virtual, uma vez que é fonte inesgotável de imagens provocadoras de desejos e aparências fugazes, como a própria vida é fugaz e efêmera. Desta feita, a fotografia aproxima o espectador do mundo já que com a imagem fotográfica cria um espaço onde cabe a interrogação provocativa do outro, imprescindível na relação que se estabelece entre o fotógrafo, o espectador e um terceiro, aquele que olhará mais tarde as fotografias.




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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela N. e FADEL, Tatiana. Português-Língua e Literatura. Coleção base. V. único. 1. Ed. São Paulo: Moderna, 2000.

COSTA, HELOUISE. A Fotografia Moderna no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1995.

JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Trad. Marina Appenzeller, Campinas, 10. ed. São Paulo: Papirus, 2006.

MELO, Maria Teresa Bandeira de. Arte e Fotografia: o movimento pictorialista no Brasil. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1998.

SANTANELLA, L. e NÖTH, W. Imagem –codificação, semiótica , mídia. São Paulo: Iluminuras, 2008.

FLÜSSER, Vilém. O mundo codificado. TRad. Raquel Abi Sâmara. São Paulo: Cosac Nify, 2007.

WUNENBURGER Jean-Jaques. O Imaginário. Trad. Maria Stela Gonçalves. s.ed.,São Paulo: Loyola, 2007.


MIDIA ELETRÔNICA


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CHAUÍ,Marilena.Convite à Filosofia. Disponível em
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LEITE, Enio. A História da Fotografia. Disponível em
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RIBEIRO, Suzana Barreto. Manual de Photographia: caminhos da técnica e da arte ou a profissionalização possível? Disponível em
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SERRANO, Daniel Portillo. Percepção. Disponível em
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SIMÕES, Gilmar&GALIMBERTI, Alessandra. O Olhar Fotográfico. Disponível em
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