sábado, 1 de março de 2008

TROPICALISMO - MUITO MAIS QUE UM ESTILO MUSICAL


Caetano Veloso -Criador do Tropicalismo




Na década de 1960, jovens artistas se mobilizaram na tentativa de criar uma nova linguagem musical diferente das que predominavam e um canal importante de divulgação dessas novas tendências musicais foram os festivais realizados pela Rede Record de Televisão.



Entre esse grupo de jovens artistas figurava Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes e Tom Zé, apoiados em textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do maestro Rogério Duprat.



O termo tropicalismo surgiu da música de composição de Caetano Veloso, Tropicália e teve seu nascedouro no III Festival de Musica Popular Brasileira promovido pela Rede Record de Televisão, no ano de 1967, e é considerado, por alguns especialistas, como o

“último importante movimento cultural ocorrido no Brasil até o final do século XX” (CEREJA & MAGALHÃES – Literatura Brasileira. Atual. 2000. p.510).


O ponto máximo do Festival foi a interpretação de Caetano Veloso da música Alegria, Alegria, que não foi classificada, mas gravada em compacto simples e no ano de 1968, foi lançado o LP que trouxe canções como Alegria alegria, No dia em que vim-me embora, a antológica Tropicália, Soy loco por ti América e Superbacana, considerado um manifesto do grupo participante do festival e a partir desse ano, o festival foi considerado totalmente Tropicalista.



O movimento teve como base a Bossa Nova e as idéias do antropofagismo de Oswald de Andrade que inspirou o Movimento Modernista de 1922 (Manifesto Pau-Brasil), já que buscava “deglutir” as tradicionais composições de Chico Buarque e as músicas dos Beatles, com guitarras eletricas, os ritmos das canções de Vinicius de Morais e Tom Jobim e o regionalismo de Luiz Gonzaga.



A música tropícalista se beneficiou com os arranjos de dois mestros eruditos Júlio Medaglia e Rogério Duprat, já que misturou o popular e o erudito, o berimbau e o cravo, a guitarra elétrica e o violino.



Além dos ideiais antropofágicos do Manifesto Pau-Brasil , o Tropicalismo foi influenciado também pelo CONCRETISMO da década de 1950, já que suas letras eram carregadas de elemento plástico, jogo linguístico e brincadeiras com as palavras, disposição dos versos e efeitos de som , um nítido reflexo do Concretismo.



CAMPEDELLI & SOUSA em Português - Literatura, Produção de Texto e Gramática, ao analisar a letra da música Alegria, Alegria apresenta os elementos estéticos criados, cuja combinação e contraste incluem a miséria, o passado, o desenvolvimento, a tecnologia industrial, os movimentos musicais brasileiros, o subdesenvolvimento e a paródia. A crítica política também se manifesta no trecho “por entre fotos e nomes/ sem livro e sem fuzil/ sem fome sem telefone/ no coração do Brasil.”



Há de se lembrar que o Movimento Tropicalista surgiu sob a égide da Ditadura Militar no Brasil, anos de chumbo, com o direito de manifestação e de imprensa restritos e a liberdade de expressão era cassada nos bastidores da Censura do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), da Polícia Federal. A censura era implacável e várias canções de Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, e outros integrantes do movimento, foram proibidas.



Decretado o AI-5, conta CEREJA & MAGALHÃES, as estrelas da cultura brasileira desse período foram ‘convidadas’ a deixarem o país, e o Trpicalismo teve aí seu fim prematuro cujas marcas ainda podem ser observadas na produção cultural de hoje, especialmente na música, sendo o caso de compositores como Zeca Baleiro, com uma miscelânia original do samba, o regional nordestino e o heavy metal, e Carlinhos Brown dando abertura às tradições afro-brasileiras.



O Tropicalismo foi visto por alguns críticos como um movimento vago, sem comprometimento político– social, haja vista que alguns outros artístas se manifestarem abertamente contra a ditadura militar da época sob o título de Canção de Protesto. Os Tropicalistas, realmente ressaltam que não tinham intenções de desencadear discussões polítíco-ideológico, pois acreditavam que a experiência estética-musical valia por si mesma, já que ela mesma era um instrumento social revolucionário.



Dada a forte repressão sofrida pelos integrantes do movimento, em face às circunstâncias conturbadas do peródo ditatorial, o segmento intelectualizado da sociedade rejeitou a proposta inovadora, considerando os representantes alienados. Somente depois de décadas passadas, o Tropicalismo passou a ser visto como um movimento cultural, prematuramente esvaziado, mas que deixou raizes na Música Popular Brasileira.



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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira. 2.ed.reform. São Paulo. Atual, 2000.

CAMPADELLI, Samira Youssef e SOUZA, Jésus Barbosa. Português - literatura, produção de textos & gramática. 3.ed., São Paulo, Saraiva, 2000.

SITES:

CAETANO VELOSO. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Veloso Acessado em 21/02/2008.

TROPICÁLIA. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropicalismo Acessado em 20/02/2008.

2 comentários:

Roberto Girard disse...

Brigitte,
Que aula!
E pensar que sabemos tudo, que vivemos tudo, que aprendemos tudo, quando o tudo se revela limitado lendo seu blogger, tão rico, bem fundamentado e de estrutura impecável.

Seus poemas belíssimos!
Adorei te visitar.
Abs
Roberto Girard (beto)

Anônimo disse...

È sem comentários,tuas poesias,teu blog.Tudo muito fantástico,rico e impecável.
Parabéns.