Primeiro Estásimo
Estrofe 1
De tantas maravilhas
Mais maravilhoso de todas é o homem.
O espumante mar nos ímpetos dos ventos austrais
Sulca, bramantes
E cultiva a dos deuses mãe, a Terra
Imortal, incansável,
Revolvendo-a ano após ano
Com arados movidos
Por força eqüina.
Antístrofe 1
A linhagem das leves aves
Leva capturadas
E as raças das feras agrestes,
Peixes em penca prende
Nas malhas das redes
O homem perspicaz;
Engenhoso persegue a fere
Fauna dos montes,
Doma corcéis
Ao duro jugo
Sujeita touros sanhudos.
Estrofe 2
A voz, o pensar
Volátil e as urbanas leis
Das assembléias ele as ensinou
A si mesmo, fugiu
Da áspera agressão do frio
E dos dardos das tempestades.
Aparelhado, desaparelhado não acata nada
Do que lhe advém; só a morte
Fuga não lhe acena,
Ainda que de indômitas moléstias
Alcance escape.
Antístrofe 2
De saber fecundo, move recursos inesperados
Ora ao bem, ora ao mal.
Uma as leis da terra
À justiça jurada
Dos deuses, e amuralhado será;
Desamuralhado
Se saiba, porém,
Atrevendo-se a insultá-las.
De meus altares
Não se aproxime
Nem perturbe meu pensar quem assim procede.
A Tragédia Grega apresenta as seguintes divisões:
- Prólogo: É a primeira cena antes da entrada do coro, ou antes, da primeira intervenção do coro. Trata-se de uma narrativa preliminar que visava introduzir o tema;
-Párodo - Inicialmente era a entrada do coro cantando e dançando na orquestra, o espaço cênico em frente e abaixo do palco;.
-Episódios ou Partes - São cenas no palco, entre os cantos corais, sejam estásimos ou diálogos líricos, em que participa no mínimo um ator.
- Estásimos: Eram os cantos e danças do coro na "orquestra" que separam os episódios, marcando pausas na ação. Seu número é variável, de 2 a 5, em geral;
- Êxodo: Inicialmente, como indica o seu nome, era simplesmente a saída do coro cantando e dançando ao final da peça.
O exceto analisado, é a primeira manifestação do Coro, representando a opinião pública.
Essa passagem apresenta uma relação de humanidade na peça, quando afirma que muitas coisas maravilhosas existem e o homem é mais maravilhoso dentre todas as coisas.
A dimensão humana é mostrada como um estranho que habita as entranhas, provocando pavor, angustia e paixão.
O homem domina a natureza, enfrenta as fortes ondas do mar, o vigor dos ventos, cultiva a terra com arado movido à força eqüina, ano após ano e tira dela o alimento para viver. Doma os animais ferozes, o cavalo e o touro, e captura as aves e os peixes.
Criou as leis da POLIS e a outros as ensinou, utilizando-se da voz e do pensar.
O homem consegue driblar o frio e as tempestades, mas não é capaz de fugir da morte, mesmo escapando das enfermidades.
A reflexão acentua a contradição existente no próprio homem, quando afirma que ele é capaz de recursos inesperados para boas ou más ações. Agindo com perversidade ele é a sua própria ruína.
As perversidades, as más ações, conduzem a um descaminho, à injustiça, ao desequilíbrio, o desrespeito a outro homem e até às leis divinas, conduzindo ao nada, ao vazio, à morte.
Vivendo, o homem é levado a agir, mas agir é perigoso, pode custar até mesmo a vida. No entanto, é preciso agir, optar e assumir responsabilidades pelas ações, mesmo quando o resultado é a morte. Pode-se dizer que é uma questão de consciência.
Tomando consciência dos seus atos, o homem é responsável pelas conseqüências boas ou más. Portanto, equilíbrio nas decisões é o recomendado.
Deixando-se dominar pelo orgulho de suas ações, poder, autoritarismo, valoriza o NÃO-SER e despreza o SER, atitude que é rejeitada por toda a sociedade local, demonstrando certo conservadorismo. Não sendo muito diferente na atualidade.
Em suma, o homem é capaz de subjugar os animais, a natureza e outro homem, menos a si mesmo. Reside aí a maravilha do homem e a sua estranheza, visto ser capaz de dominar tudo, não é capaz de dominar a si mesmo, sendo causador de sua própria ruína.
Um comentário:
Adorei esse texto caiu mto bem nesse momento!
Obrigada
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