domingo, 1 de fevereiro de 2009

A FOTOGRAFIA SOB UM OLHAR NEÓFITO - PARTE -I - HISTÓRICO

Por: Brigitte Luiza Guminiak


São Paulo- German Lorca


Pensarmos sobre arte e tecnologia juntos pode, a princípio, parecer uma proposta estranha, mas, como ambas retratam o desenvolvimento humano no decorrer da história, acreditamos que possibilite traçar um paralelo em seus caminhos e talvez nos revele ainda mais sua aproximação.

Sob a ótica da arte, a fotografia vem travando ao longo de seu percurso o dilema de ser ou não arte, dada às técnicas empregadas para se reproduzir as imagens captadas no mundo real, e tratarmos aqui de pesquisar, ao menos em parte, este tema.

A arte, em sua história, mostra-nos que sempre lançou mão de múltiplos recursos para sua execução, indo em busca tanto de suportes variados,quanto técnicas que assimilariam conhecimentos que vão desde a mumificação no Egito, construções de monumentos, castelos, fabricação de tintas e pincéis, litografia, xilogravura, off-set, etc. até, evidentemente, evoluir e atualizar seus métodos sempre encontrando na infindável criatividade humana novas e diferentes propostas. Não é o propósito neste instante relembrarmos passo a passo o caminho percorrido pela arte, e seria redundância pontuar que sempre esteve presente na vida do homem.

A interessantíssima história da fotografia acompanhou o contexto histórico da Revolução Industrial do Século XIX, encabeçada pela França e Inglaterra. Cronologicamente, temos que em 1827, na França, a descoberta da heliogravura[1] por Nicephore Niepce e em 1839 o processo positivo em papel, de Hypolyte Bayard e, também em 1839, encontramos Louis Jacques Mandé Daguérre inventou a Daguerreotipia[2], e na Inglaterra, de 1835, William Henry Fox Talbot apresentou a Calotipia[3].

No Brasil, em 1832, na cidade de Campinas, São Paulo, Hercules Florence, criou a palavra FOTOGRAFIA para designar uma de suas descobertas, a gravação de imagens pela ação da luz, processo baseado no princípio da reprodutibilidade, como conhecemos hoje (negativo/positivo), cinco anos antes de John Herschel, a quem a história atribuiu a criação do vocábulo. Esse fato ficou oculto por 140 anos, somente sendo conhecido e reconhecido internacionalmente quando da publicação da obra “1833: a Descoberta Isolada da Fotografia no Brasil” – Editora Duas Cidades, 1980, por Boris Kossoy. Dada a simultaneidade na descoberta tecnológica, torna-se difícil a identificação de um só inventor, de tal tecnologia, podendo-se, no entanto, afirmar que ela teve seus alicerces nesses inventores.

A discussão em torno da fotografia se acirrou na Europa, na década de 1830, haja vista a enfática declaração do pintor Paul Delaroche: “de hoje em diante, a pintura está morta” (Demanchy & Puyo, 1906, p.52). Essa afirmação demonstra o grande impacto que a invenção da fotografia causou no mundo das artes plásticas, mais precisamente, na pintura, que até então inclui a arte de retratar entre suas tarefas. Nos círculos mais conservadores da sociedade francesa e nos meios religiosos “a invenção foi chamada de blasfêmia, e Daguérre era condecorado com o título de ‘idiota dos idiotas’ (Damanchy e Puyo, 1906, p.32)”.

[1] Heliogravura: Designação genérica dos processos de obtenção de imagem, por via fotomecânica (processo de impressão no qual o clichê tipográfico é obtido pela fotografia), de formas de impressão gravadas em oco, bem como dos processos de impressão que utilizam essas formas.

[2] Daguerreotipia: trata-se do processo. fotográfico criado por Daguerre, e que consistia em fixar numa película de prata pura, aplicada ao cobre, a imagem obtida na câmara escura.

[3] Calotipitia: (ou talbotipia) produzia imagens em negativo, a qual podia depois ser reproduzida ad aeternum em positivo.

Nenhum comentário: