Duas faces ou um vaso?
Principio da figura e do fundo
Por : Brigitte Luiza Guminiak
Não vivemos isolados. Portanto, é fácil entender a frase de Sócrates: ”o homem é um animal político”. Etimologicamente, político vem de polis, que significa cidade, comunidade. E se vivemos em polis, nos relacionamos uns com os outros, convivemos, sendo que, é por intermédio dos sentidos que conhecemos o mundo e nele nos situamos e nos relacionamos.
Sendo assim, tudo que nos cerca provoca ações e reações. E estas são advindas em decorrência dos órgãos sensoriais que desencadeiam a inferência das sensações que foram em nós provocadas pelo tato, pelas cores, sabores, odores e imagens.
Temos aí caracterizado os nossos comportamentos, tão intimamente relacionados com as percepções que temos do mundo exterior, captados através dos sentidos.
A passagem do sensorial ao perceptivo se realiza no intelecto, onde se realiza a construção do conhecimento, e confere significação ao percebido, a partir das vivências de cada um.
Segundo Chauí, é na percepção que o mundo adquire forma e sentido e, ambos, são inseparáveis em nós. Desta feita, a percepção envolve valores, desejos, paixões, ou seja, a nossa maneira de estar no mundo.
O “estar no mundo” abarca nossa história, nossa afetividade, nossa personalidade, nossa vida social, já que é a relação do mundo exterior com o nosso “eu”.
Considerando a teoria do conhecimento, temos três acepções a respeito da percepção: a empírica, a racionalista e a fenomenologia do conhecimento.
Para a teoria empírica, todo conhecimento é percepção, tendo origem nas impressões (sensações, emoções e paixões) e nas idéias (imagens das impressões).
Já para os racionalistas, o conhecimento como percepção do mundo deve ser evitada, pois não é confiável, já que a imagem percebida pode não corresponder à realidade do objeto.
Por fim, para a fenomenologia do conhecimento a percepção se realiza de uma vez só, sem partes, isto é, captamos sempre a totalidade do sentido de uma idéia ou de um objeto, sem necessitarmos da análise das partes.
Para a fenomenologia não há deformação ou ilusão na percepção, visto que a percepção é o relacionamento dos objetos conosco, por serem eles corpos e nós também.
Neste sentido a percepção é explorada pelos meios de comunicação, haja vista atuar sobre o cérebro que recebe os estímulos sensoriais e desencadeia um processo de seleção, organização e interpretação desses estímulos. Esse processo pode ser decomposto em duas fases: a sensação, no qual os órgãos do sentido registram e transmitem os estímulos exteriores; e a interpretação, que permite organizar e dar um significado aos estímulos recebidos.
Dentre os estímulos recebidos e processados pelo cérebro, alguns podem ser classificados como ambíguos, possibilitando várias leituras, haja vista não corresponder a uma forma já reconhecida. São amplamente usados em testes para revelar a personalidade do sujeito e são eficazes na captação da atenção, preparando o sujeito para a recepção de uma mensagem.
Cabe lembrar que os estímulos só são percebidos a partir de uma determinada intensidade, duração e sensibilidade do indivíduo, podendo ser chamado de limiares sensoriais, que desencadeiam algumas reações ou atitudes, almejadas pelos profissionais de comunicação e publicidade.
Uma prática corriqueira na área da comunicação e publicidade é a utilização da percepção subliminar, que estimula o cérebro a partir do subconsciente, não podendo ser usado para o condicionamento no campo consciente, pois as pessoas respondem a estímulos de diferentes maneiras, que não são percebidos e formados na consciência e induzem um comportamento, podendo ainda distorcê-lo em função da seletividade da percepção ou da predisposição pessoal.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em
http://br.geocities.com/mcrost02/convite_...
Acessado em 18/10/2007
SERRANO, Daniel Portillo. Percepção. Disponível em http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Percepcao.htm
Acessado em 18/10/2007