Um ponto que sempre chamou a atenção de todos os brasileiros é a postura da Igreja Católica frente à luta por justiça para com os menos favorecidos pela sorte.
Um fato que chama a atenção é a posição firme da Igreja em favor a Reforma Agrária no Brasil. Encontros, palestras, reivindicação de direitos e orientação judicial para os integrantes do MST, nas invasões de terras e outras ações questionáveis, tudo sob a ótica de justiça, paz e direitos humanos para os integrantes do movimento.
Sob o argumento de que a terra foi dada por Deus para o cultivo e a sobrevivência do homem, previsto na Bíblia, a Igreja tem empunhado a bandeira da Reforma Agrária e apoiado invasões, angariado recursos, incentivado a educação dos filiados ao MST e a luta para o assentamento das famílias dos sem terra.
Está em andamento no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ação de desapropriação de uma fazenda pertencente à Diocese da Igreja Católica de Jataí - GO, para fins de assentamento rural.
A batalha judicial vem se arrastando desde 2004, e numa última decisão, foi negado o recurso de agravo proposto pela Diocese, em favor do INCRA. O instituto pretende pagar pela desapropriação R$ 10,3 milhões, sendo R$ 1,3 milhão em dinheiro pelas benfeitorias e o restante em Títulos da Dívida Agrária (TDAs), correspondente à terra nua.
Ainda cabe recurso por parte da Igreja, mas o Incra já considera a situação irreversível, pois os créditos fundiários já foram liberados para que a desapropriação seja efetivada.
Exige-se reflexão sobre a posição da Igreja nessa peleja judicial. Porque ela não doa as terras da Diocese de Jataí – GO para o MST assentar as famílias em situação de risco e miséria, já que tem como bandeira a justiça social?
A relação biunívoca da Igreja com o MST é bem nítida em toda essa demanda jurídica. Se a opção da Igreja é a favor dos pobres e desvalidos da sorte, nada mais justo e cristão que doar o que se tem em abundância àqueles que nada tem ou estão em estado de carência. A violação do preceito bíblico constante em Mateus 19, 16-22, é flagrante e revoltante.
A pregação de justiça social e direitos humanos deveria começar pela Igreja Católica que se autoproclama a única verdadeiramente cristã e seguidora dos ensinamentos deixados pelo Senhor para que a justiça e a paz reinem entre os homens de boa vontade.
Mas, quando o caso é dar aos pobres seus bens, a igreja questiona judicialmente, demonstrando não integrar o rol dos homens de boa vontade, identificando-se com o jovem rico da parábola de Mateus, que ao saber que deveria doar seus bens para obter a vida eterna, virou as costas para Jesus e saiu triste, visto possuir muitos bens e não sabia como viver sem eles.
Bons tempos aqueles em que a igreja salvava almas e não seu próprio bolso.