domingo, 9 de março de 2008

A PERCEPÇÃO- CONHECIMENTO E SENSIBILIDADE


Duas faces ou um vaso?
Principio da figura e do fundo
















Por : Brigitte Luiza Guminiak


Não vivemos isolados. Portanto, é fácil entender a frase de Sócrates: ”o homem é um animal político”. Etimologicamente, político vem de polis, que significa cidade, comunidade. E se vivemos em polis, nos relacionamos uns com os outros, convivemos, sendo que, é por intermédio dos sentidos que conhecemos o mundo e nele nos situamos e nos relacionamos.

Sendo assim, tudo que nos cerca provoca ações e reações. E estas são advindas em decorrência dos órgãos sensoriais que desencadeiam a inferência das sensações que foram em nós provocadas pelo tato, pelas cores, sabores, odores e imagens.

Temos aí caracterizado os nossos comportamentos, tão intimamente relacionados com as percepções que temos do mundo exterior, captados através dos sentidos.

A passagem do sensorial ao perceptivo se realiza no intelecto, onde se realiza a construção do conhecimento, e confere significação ao percebido, a partir das vivências de cada um.
Segundo Chauí, é na percepção que o mundo adquire forma e sentido e, ambos, são inseparáveis em nós. Desta feita, a percepção envolve valores, desejos, paixões, ou seja, a nossa maneira de estar no mundo.

O “estar no mundo” abarca nossa história, nossa afetividade, nossa personalidade, nossa vida social, já que é a relação do mundo exterior com o nosso “eu”.

Considerando a teoria do conhecimento, temos três acepções a respeito da percepção: a empírica, a racionalista e a fenomenologia do conhecimento.

Para a teoria empírica, todo conhecimento é percepção, tendo origem nas impressões (sensações, emoções e paixões) e nas idéias (imagens das impressões).

Já para os racionalistas, o conhecimento como percepção do mundo deve ser evitada, pois não é confiável, já que a imagem percebida pode não corresponder à realidade do objeto.

Por fim, para a fenomenologia do conhecimento a percepção se realiza de uma vez só, sem partes, isto é, captamos sempre a totalidade do sentido de uma idéia ou de um objeto, sem necessitarmos da análise das partes.

Para a fenomenologia não há deformação ou ilusão na percepção, visto que a percepção é o relacionamento dos objetos conosco, por serem eles corpos e nós também.

Neste sentido a percepção é explorada pelos meios de comunicação, haja vista atuar sobre o cérebro que recebe os estímulos sensoriais e desencadeia um processo de seleção, organização e interpretação desses estímulos. Esse processo pode ser decomposto em duas fases: a sensação, no qual os órgãos do sentido registram e transmitem os estímulos exteriores; e a interpretação, que permite organizar e dar um significado aos estímulos recebidos.

Dentre os estímulos recebidos e processados pelo cérebro, alguns podem ser classificados como ambíguos, possibilitando várias leituras, haja vista não corresponder a uma forma já reconhecida. São amplamente usados em testes para revelar a personalidade do sujeito e são eficazes na captação da atenção, preparando o sujeito para a recepção de uma mensagem.

Cabe lembrar que os estímulos só são percebidos a partir de uma determinada intensidade, duração e sensibilidade do indivíduo, podendo ser chamado de limiares sensoriais, que desencadeiam algumas reações ou atitudes, almejadas pelos profissionais de comunicação e publicidade.

Uma prática corriqueira na área da comunicação e publicidade é a utilização da percepção subliminar, que estimula o cérebro a partir do subconsciente, não podendo ser usado para o condicionamento no campo consciente, pois as pessoas respondem a estímulos de diferentes maneiras, que não são percebidos e formados na consciência e induzem um comportamento, podendo ainda distorcê-lo em função da seletividade da percepção ou da predisposição pessoal.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em
http://br.geocities.com/mcrost02/convite_...
Acessado em 18/10/2007

SERRANO, Daniel Portillo. Percepção. Disponível em
http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Percepcao.htm
Acessado em 18/10/2007

sábado, 1 de março de 2008

TROPICALISMO - MUITO MAIS QUE UM ESTILO MUSICAL


Caetano Veloso -Criador do Tropicalismo




Na década de 1960, jovens artistas se mobilizaram na tentativa de criar uma nova linguagem musical diferente das que predominavam e um canal importante de divulgação dessas novas tendências musicais foram os festivais realizados pela Rede Record de Televisão.



Entre esse grupo de jovens artistas figurava Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes e Tom Zé, apoiados em textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do maestro Rogério Duprat.



O termo tropicalismo surgiu da música de composição de Caetano Veloso, Tropicália e teve seu nascedouro no III Festival de Musica Popular Brasileira promovido pela Rede Record de Televisão, no ano de 1967, e é considerado, por alguns especialistas, como o

“último importante movimento cultural ocorrido no Brasil até o final do século XX” (CEREJA & MAGALHÃES – Literatura Brasileira. Atual. 2000. p.510).


O ponto máximo do Festival foi a interpretação de Caetano Veloso da música Alegria, Alegria, que não foi classificada, mas gravada em compacto simples e no ano de 1968, foi lançado o LP que trouxe canções como Alegria alegria, No dia em que vim-me embora, a antológica Tropicália, Soy loco por ti América e Superbacana, considerado um manifesto do grupo participante do festival e a partir desse ano, o festival foi considerado totalmente Tropicalista.



O movimento teve como base a Bossa Nova e as idéias do antropofagismo de Oswald de Andrade que inspirou o Movimento Modernista de 1922 (Manifesto Pau-Brasil), já que buscava “deglutir” as tradicionais composições de Chico Buarque e as músicas dos Beatles, com guitarras eletricas, os ritmos das canções de Vinicius de Morais e Tom Jobim e o regionalismo de Luiz Gonzaga.



A música tropícalista se beneficiou com os arranjos de dois mestros eruditos Júlio Medaglia e Rogério Duprat, já que misturou o popular e o erudito, o berimbau e o cravo, a guitarra elétrica e o violino.



Além dos ideiais antropofágicos do Manifesto Pau-Brasil , o Tropicalismo foi influenciado também pelo CONCRETISMO da década de 1950, já que suas letras eram carregadas de elemento plástico, jogo linguístico e brincadeiras com as palavras, disposição dos versos e efeitos de som , um nítido reflexo do Concretismo.



CAMPEDELLI & SOUSA em Português - Literatura, Produção de Texto e Gramática, ao analisar a letra da música Alegria, Alegria apresenta os elementos estéticos criados, cuja combinação e contraste incluem a miséria, o passado, o desenvolvimento, a tecnologia industrial, os movimentos musicais brasileiros, o subdesenvolvimento e a paródia. A crítica política também se manifesta no trecho “por entre fotos e nomes/ sem livro e sem fuzil/ sem fome sem telefone/ no coração do Brasil.”



Há de se lembrar que o Movimento Tropicalista surgiu sob a égide da Ditadura Militar no Brasil, anos de chumbo, com o direito de manifestação e de imprensa restritos e a liberdade de expressão era cassada nos bastidores da Censura do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), da Polícia Federal. A censura era implacável e várias canções de Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, e outros integrantes do movimento, foram proibidas.



Decretado o AI-5, conta CEREJA & MAGALHÃES, as estrelas da cultura brasileira desse período foram ‘convidadas’ a deixarem o país, e o Trpicalismo teve aí seu fim prematuro cujas marcas ainda podem ser observadas na produção cultural de hoje, especialmente na música, sendo o caso de compositores como Zeca Baleiro, com uma miscelânia original do samba, o regional nordestino e o heavy metal, e Carlinhos Brown dando abertura às tradições afro-brasileiras.



O Tropicalismo foi visto por alguns críticos como um movimento vago, sem comprometimento político– social, haja vista que alguns outros artístas se manifestarem abertamente contra a ditadura militar da época sob o título de Canção de Protesto. Os Tropicalistas, realmente ressaltam que não tinham intenções de desencadear discussões polítíco-ideológico, pois acreditavam que a experiência estética-musical valia por si mesma, já que ela mesma era um instrumento social revolucionário.



Dada a forte repressão sofrida pelos integrantes do movimento, em face às circunstâncias conturbadas do peródo ditatorial, o segmento intelectualizado da sociedade rejeitou a proposta inovadora, considerando os representantes alienados. Somente depois de décadas passadas, o Tropicalismo passou a ser visto como um movimento cultural, prematuramente esvaziado, mas que deixou raizes na Música Popular Brasileira.



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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Literatura Brasileira. 2.ed.reform. São Paulo. Atual, 2000.

CAMPADELLI, Samira Youssef e SOUZA, Jésus Barbosa. Português - literatura, produção de textos & gramática. 3.ed., São Paulo, Saraiva, 2000.

SITES:

CAETANO VELOSO. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caetano_Veloso Acessado em 21/02/2008.

TROPICÁLIA. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tropicalismo Acessado em 20/02/2008.